CARTA ABERTA DO COMITÊS DE DEFESA DOS DIREITOS DOS TRABALHADORES

23/05/2019

PELA AMPLIAÇÃO PERMANENTE DOS DIREITOS DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS

- NADA TEMEMOS PORQUE TUDO PODEMOS -

Trabalhadores e trabalhadoras por muitos anos executaram as mais árduas tarefas seja sob sol ou chuva, demonstraram as mais fortes aptidões para o trabalho físico e intelectual, não se abstiveram dos trabalhos mais penosos e desgastantes, não tiveram medo de dias e noites intermináveis, nem temeram os maiores perigos para executarem suas tarefas de trabalho e muito menos desistiu de algo. Trabalhadores e trabalhadoras nada temem e sua coragem que movimenta o mundo, sua força que faz com que a economia cresça, seu desempenho permite que o capitalismo avance consideravelmente dia após dia, enfim, são vocês que empenhados no melhor de suas funções no trabalho somam a energia para superar os maiores desafios.

Trabalhadores e trabalhadoras são todos vocês que construíram as maiores maravilhas da humanidade, são vocês que usam sua inteligência e força diariamente para executarem bilhões de atividades cotidianas que mantém esse mundo ativo, próspero e em evolução. Todavia, todas as suas atividades, toda sua inteligência e força não é recompensado na mesma medida que vocês medem o mundo, pois trabalhadores e trabalhadoras medem o mundo da melhor forma possível desempenhando suas funções das formas mais eficazes com competência comprovada em cada dia de trabalho, só que seu salário, sua remuneração, sua recompensa pelo seu trabalho é desproporcional a tudo que faz laborando. É exigido e exigida, trabalhador e trabalhadora, é prensado e prensada nas paredes, impõe os patrões e o Estado uma grande humilhação ao não ter direitos trabalhistas mais amplos e muito menos a garantia de aposentadorias com condições econômica e social de sobrevivência.

Trabalhadores e trabalhadores dominam eficazmente seus corpos e mentes para aguentarem as mais árduas tarefas rotineiras de seus empregos. Mesmo cansados conseguem avançar de uma atividade para a outra, conseguem concluir todas as suas atividades e entregarem todo o serviço aos quais foram dirigidos para o patrão. Não temem o cansaço e nem as condições cruéis ou desanimadoras de trabalho, mas seus ganhos mensais não acompanham o preço do alimento, o preço do aluguel ou do financiamento da casa própria. O banco retira mês a mês uma parte do corpo e da alma desses e dessas trabalhadoras, pesa, mais do que tudo, a forte onda dos juros e a inflação, consome a vida feliz dos e das trabalhadoras sobrando para os mesmos uma terrível sombra que deveria ter no horizonte a aposentadoria, mas, até mesmo a dignidade para a velhice passa a ser pesadelo terrível.

Roubam dia a dia os trabalhadores e as trabalhadoras, apesar de todos seus esforços, de toda sua responsabilidade para com a humanidade, são roubados cotidianamente, roubam horas preciosas de suas vias, roubam suas inteligências para que fiquem aprisionadas dentro das empresas, roubam suas forças e conhecimentos para serem concentradas nos concretos, nos asfaltos, nos abatedouros de animais, nas lavouras, nas oficinas, enfim, roubam aquilo que os seres humanos tem de melhor. Roubam a juventude e condenam ao trabalho até a velhice, um trabalho exaustivo de horas e mais horas diárias, de horas e horas semanais, de anos e anos até que na aposentadoria roubam também esses preciosos direitos. Roubam a juventude dos trabalhadores e trabalhadoras e depois jogam os mesmos para viverem suas velhices em condições precárias, com vidas insalubres diante das urgências sociais, culturais, médicas e econômicas.

Roubam, tanto os patrões como o Estado, os melhores anos da vida dos trabalhadores e trabalhadoras e no final de sua jornada árdua de trabalho, após décadas executando tarefas difíceis e perigosas são ignorados pelos patrões e pelo Estado, passando a viverem com rendimentos insuficientes nas suas desgastadas aposentadorias.

A união de todos os trabalhadores e trabalhadoras, seja do campo ou da cidade, é fundamental para assegurar uma vida digna integral desde a juventude até a velhice. A união somada com ações reivindicatórias, de greve, de reações a roubalheira contra os trabalhadores e trabalhadoras é a única chave para assegurar a dignidade e exercer a inteligência e força dos mesmos em ações efetivamente políticas. A união para luta garante que as e os trabalhadores garantam a direção de suas vidas, não permitindo nem que os patrões ou o Estado direcionem seus viveres, ao contrário, essa união para a luta permite o gozo para a oportunidade da liberdade.

É preciso unir para construir um mundo melhor para as e os trabalhadores, visto que esse mundo melhor a classe dominante já possui, esse mundo perfeito os mais ricos sempre tiveram e terão, enquanto a classe trabalhadora será obrigada a ver sua vida administrada pelos patrões e pelo Estado, não tendo a classe trabalhadora qualquer domínio sobre sua vida e nem sobre sua morte. Morrem dia após dia milhares de trabalhadores vitimados pelas exigências de seus trabalhos, vitimados pela incapacidade de sensibilização dos patrões e do Estado para com suas condições de vida. Ao término da vida do trabalhador (trabalhadora) ele (ela) deixa para trás um caminho construído que eleva a alma da humanidade, mas na mesma proporção ele (ela) teve um rastro de dor e sofrimento que precisou ser ignorado por décadas para que pelo menos suas condições de sobrevivência fossem garantidas e para seus familiares, mas a garantia dessa sobrevivência não trouxe dignidade e nem alegria completa. A união para a luta se efetiva na busca da dignidade integral e da alegria completa. LUTEMOS!

Saibamos que as lutas não podem ocorrer no campo e na regra dos patrões e do Estado, pois eles construíram todas as regras para que eles sempre ganhassem e toda a classe trabalhadora sempre e obrigatoriamente perdesse.

A FARSA DAS ELEIÇÕES

As eleições são grandes teatros, grandes encenações de comédias ou de tragédias, mas sempre são farsas muito bem montadas. Trabalhadores e trabalhadoras, de dois em dois anos ocorrem eleições e nada muda de fato, continuam executando as mais árduas tarefas e os salários cada vez menores com menos poder de compra. Essas eleições são condições prévias para a existência das diferenças substanciais entre os ricos e os pobres. Por essas eleições homens e mulheres vão para seus cargos políticos enquanto os e as trabalhadoras são diariamente massacrados pelos baixos salários, pelo juro elevado dos bancos e dos cartões de crédito, massacrados pela inflação e pelo pagamento de impostos que não retornam minimamente para os mesmos.

A estrutura do Estado brasileiro é historicamente constituída para beneficiar sempre os mesmos grupos políticos e econômicos, são sempre os mesmos na política e fazem sempre do mesmo para a classe trabalhadora: subtrair direitos e dignidade. A classe trabalhadora não tem desde 1943 qualquer novo direito trabalhista, ao contrário tem subtraído desde o governo Fernando Henrique Cardoso passando pelos governos reformistas petistas (Lula e Dilma), até o atual presidente Temer parte considerável desses direitos que foram conquistados com muita luta pela classe trabalhadora. Também o presidente eleito Bolsonaro sempre na sua campanha estimulou as perdas de direitos para as e os trabalhadores.

A classe trabalhadora no Brasil passou por inúmeros regimes políticos com outros tantos políticos e sempre foi colocada num patamar para ser explorada. Nunca a classe trabalhadora brasileira, por intermédio da política de Estado, tomou a direção da nação. Ao contrário, sempre a classe trabalhadora foi colocada como aquela que é governada por uma classe que domina e sempre que a classe trabalhadora se rebelou foi duramente reprimida pelo Estado através das leis financiadas pela classe dominante, pela repressão violenta da polícia e a punição injusta da justiça dessa classe.

Não é preciso mergulhar na história do Brasil para comprovar as injustiças dessa falsa democracia, para avaliar negativamente as eleições quanto aos interesses dos mais pobres. Enfim, o tempo presente, o agora nos diz de forma competente o estado da arte do povo brasileiro e as inúmeras falhas propositais dessa estrutura de Estado, dessa democracia sem a participação real do povo brasileiro. Toda classe trabalhadora se submete às formas e ao ritmo de produção da vida material ao mesmo tempo em que é também produzida por essas forças, pois são os meios de produção organizados e dinamizados pelo trabalho que são responsáveis pela produção da materialidade socialmente construída. É a sociedade que nomeia e qualifica as questões materiais e a prioridade de produção, mas essa sociedade está sob o domínio das necessidades imediatas de enriquecimento do patrão em oposição a vida desgastada e sofrida da classe trabalhadora.

A construção da vida material também direciona a vida espiritual, em outras palavras, as necessidades constituídas socialmente definem como serão processadas as relações de poder e, consequentemente, de produção; assim, teremos áreas quilométricas produzindo exclusivamente soja e todas essas áreas pertencem a um número reduzido de pessoas em detrimento de uma maioria sem trabalho, sem casa, sem terra... Todo o movimento das relações de produção está inserido na lógica política brasileira, com isso sempre a classe trabalhadora terá seus direitos subordinados não às suas necessidades, mas às necessidades da classe dominante que exclui permanentemente os direitos dos e das trabalhadoras.

Deste modo, as eleições brasileiras estão sempre subordinadas às vontades soberanas dos capitalistas, dos patrões, e esses sempre distanciam suas políticas da classe trabalhadora, pois o que interessa para os mesmos é que se perpetue a lógica da produção capitalista e que a classe dominante sempre explore os trabalhadores.

Todos da classe trabalhadora sempre são incentivados para entrarem na vida partidária e política, para concorrerem aos cargos do legislativo e do executivo, para avançarem na luta dentro da lógica dominante do capitalismo de Estado e de mercado. O Estado sob os auspícios da classe dominante nacional e internacional autoriza os mais pobres, os trabalhadores e trabalhadoras, a se empreenderem eleitoralmente e em alguns casos esses oriundos da classe trabalhadora obtêm algum êxito dentro das regras do jogo eleitoral feito pela burguesia. Todavia, esse êxito é apenas manifesto dentro das regras limitadoras da farsa eleitoral, pois, de fato, por essas regras e pelas eleições não se pode fazer nada para garantir vidas mais dignas para a classe trabalhadora e, muito menos, ter o pleno domínio das questões políticas e administrativas do Estado.

A classe trabalhadora precisa compreender que as eleições estão ligadas diretamente a taxa de lucro das empresas e da boa avaliação do mercado de capitais, ou seja, as eleições não têm nada com as e os trabalhadores, ao contrário as eleições são formas de gerenciamento da burguesia de território, de regiões e espaços delimitados para obterem lucros. Toda a classe trabalhadora é subordinada aos interesses da burguesia para obtenção de lucro; assim, todos os trabalhos realizados pela classe trabalhadora tem como centralidade o lucro máximo com o pagamento mínimo de salários, todos os esforços físicos e intelectuais da classe trabalhadora tem como fundamento o aumento da taxa de lucro, isto é, trabalhadores e trabalhadoras executam suas atividades laborais para a sua dura sobrevivência enquanto os patrões sempre irão cada vez mais enriquecer. E, quando esses patrões tem subtraída a taxa de lucro, a primeira coisa que fazem é a demissão dos seus trabalhadores e trabalhadoras para que normalize as elevadas taxas de lucro e os mesmos possam manter a hegemonia de suas riquezas e de suas influências políticas.

As eleições no Brasil são caracterizadas por forte influência sentimental, por campanhas de marketing que levam em consideração as necessidades ideológicas imediatas do povo naquilo que não traga perigo para a classe dominante; assim, a eleição de Bolsonaro foi uma demonstração de como o marketing pelas redes sociais da internet por meio de boatos e frases de efeito moral funcionam com uma população que não se conscientizou de toda farsa eleitoral, pois esse político profissional ganhou as eleições afirmando não ser político e prometendo por meio da violência acabar com a violência, bem como afirmou em vários momentos de sua campanha retirar direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras brasileiras. Ao afirmar que subtrairá direitos trabalhistas conquistados por inúmeras lutas com sangue e morte de trabalhadores, o presidente eleito despreza veementemente toda a história de vida da classe trabalhadora e com isso já sabemos que mais direitos serão retirados.

A esquerda brasileira nesse momento se articula para as próximas eleições e, desta forma, contribui para enganar a classe trabalhadora ao legitimar esse sistema burguês feito pela classe dominante para assegurar permanentemente seu poder. A esquerda partidária brasileira sonha com as eleições e a direita brasileira comemora esse sonho, pois as eleições nunca mudaram nada nesse país. Apenas a classe trabalhadora unida e decida para a vitória permanente poderá dar resultados reais. É uma luta árdua que precisa ser travada entre as forças que compõe o Estado com a classe dominante como gerente desse Estado em oposição aos direitos amplos e irrestritos da classe trabalhadora.

É incompatível a ampliação dos direitos da classe trabalhadora com os interesses dos patrões, dos bancos, das empresas multinacionais, enfim, os trabalhadores nesse sistema eleitoral estão condenados até a morte serem simplesmente eleitores ou concorrem de forma desigual nas eleições contra os grandes grupos econômicos com capital nacional e internacional. Não se pode, desta forma, trazer nenhum benefício real para a classe trabalhadora. É preciso que a classe trabalhadora se una para fazer política de verdade, para fazer a transformação real de suas condições de vida, para viver com ampla dignidade na juventude e na velhice. A classe trabalhadora precisa tomar definitivamente o poder e se organizar para que o poder seja igual, para que as condições de vida realmente melhorem e se efetuem políticas para o bem do povo brasileiro feitas pelo próprio povo sendo capazes de reconstruírem a vida na sua plenitude.

As eleições com seus milhares de políticos não trazem, como nunca trarão, condições dignas para o povo brasileiro. Somente a tomada real do poder pela classe trabalhadora dirigida pelas e pelos trabalhadores submeterá todo o Estado brasileiro para as necessidades reais do povo. Não existe mágica para que isso aconteça, pois é mais do que necessário uma visão crítica ao que está estabelecido, uma crítica rígida as próprias condições de vida dos e das trabalhadoras brasileiras. A visão crítica precisa ser pautada nos objetivos da classe trabalhadora, isto é, as reais necessidades da vida diária são o direcionamento para a tomada do poder pela classe trabalhadora e isso já é revolucionário por si mesmo.

As reais condições de vida da classe trabalhadora implicam em compreender os gargalos dessa vida e os sofrimentos que a mesma é imposta diariamente. A velha política e as eleições não dão respostas para os problemas reais do povo brasileiro, já que apenas protelam qualquer iniciativa popular e quando essas iniciativas são vistas como perigosas os mesmos políticos eleitos colocam o poder judiciário, as forças policiais e até mesmo as forças armadas para destruírem os trabalhadores de seus projetos reivindicatórios. Reivindicar é apenas a primeira etapa da consciência crítica quanto ao cotidiano abafado pelas mazelas do capitalismo e de um Estado que esquece dos que realmente trabalham. São as reivindicações fundamentais para que a consciência de luta se forme, desta maneira, reivindicar significa conscientizar da precariedade da vida e da força que as e os trabalhadores possuem. Mas não existe força reivindicatória sem união da classe trabalhadora, não se pode pedir aumento salarial para apenas um trabalhador, pois é preciso que todos se avolumem e demonstrem o poder da classe trabalhadora.

É preciso mostrar que as condições reais de vida de toda a classe trabalhadora não interessa ao Estado, visto que esse, em nenhum momento da sua história, buscou edificar um sistema de governo que estimulasse a produção de bens para o usufruto coletivo ou que realmente apresentasse a propriedade como uma função social, em outras palavras, as eleições perpetuam o estabelecido e não refutam aquilo que não faz bem para a classe trabalhadora. A velha política brasileira não pode, nem pela história e nem hoje, ser identificado como aquela que promove o bem coletivo, pois a maioria desses politiqueiros é oriunda de classe social bem distante do povo brasileiro, logo esses políticos não traem sua classe e organizam o Estado brasileiro como um escravo para servi-los.

E quem serve o povo? Quem serve a classe trabalhadora?

Se os patrões, os burgueses, os ricos usam e abusam do Estado para se favorecerem, como fica a vida da classe trabalhadora?

Nessa estrutura de poder a classe trabalhadora é esmagada e é tão vulnerável que foi eleito um candidato prometendo eliminar muitos direitos da classe trabalhadora, por isso é preciso unir a classe trabalhadora e dar consciência crítica para que a mesma compreenda que é a maior força que existe no Brasil.

Aos trabalhadores e trabalhadoras é fundamental pensar o mundo a partir das multiplicidades e articulações escalares nas questões econômicas, políticas, sociais e éticas sem abdicar das suas vidas. Precisam agrupar todos os pontos que freiam a coletividade dos trabalhadores e pensar como isso realmente subtrai o poder político. É preciso conversar muito e muito mais sobre política, é preciso ter um projeto coletivo para melhorar as condições de vida dos trabalhadores na coletividade da fábrica, do escritório, das fazendas, enfim, apenas o contínuo debate político a partir da realidade vivida. Pelas experiências da classe trabalhadora poderá constituir a luta de classes e colocar os trabalhadores e as trabalhadoras no rumo da vitória definitiva.

Portanto, é preciso que um trabalhador ensine ao outro, que uma trabalhadora se responsabilize pela outra e que jamais entrem em qualquer forma de competição dentro da lógica capitalista, pois essa forma de competir impede a união e a disputa pessoal anula a fundamentação da coletividade política.

A classe trabalhadora precisa aprender a ensinar para si mesma as questões atormentadoras da sua vida, pois essas são impeditivos de sua própria ascensão política enquanto coletividade, ou seja, o ensino político da classe trabalhadora virá da compreensão da própria vida dos trabalhadores por meio de leituras, debates, diálogos, reuniões ligadas diretamente as exigências cotidianas para uma vida digna. Dessa forma, é fundamental pensar o mundo, a partir do mundo experenciado pelos trabalhadores e fazê-los entender as reticências do mesmo no seu cotidiano, sem esquecer-se do movimento dialético que projeto o mundo ao sujeito e o sujeito ao mundo.

Assim, devemos questionar o projeto social capitalista, como o mesmo organiza a sociedade e limita à condição similar de escravidão, ao resumir a vida do trabalhador em horas e anos de árduo trabalho sem de fato modificar as suas condições econômicas. O projeto social capitalista limita os sujeitos à reprodução, ideologicamente catequizados e condenados a mesma pena de Tântalo, o qual foi condenado a ver comida e bebida em abundância e quando fosse comer ou beber sumiria alimentos e líquidos tendo o mesmo fome e sede pela eternidade, já que ele não pode morrer. O mito de Tântalo é o mito vivo do capitalismo, o mito que engana a classe trabalhadora com miríades intermináveis.

A ilusão da possibilidade é a calúnia edificadora da indestrutibilidade da ideia de outra sociedade para além do capitalismo. O sonho capitalista engessa os sujeitos à "esquizofrenia social", pois vivem em um mundo e creem na existência do mundo imaginário projetado e idealizado pelas classes dominantes capitalistas; assim, tudo que fere a constituição da "legitimidade" da propriedade privada dos meios de produção (terras, fábricas, bancos) é considerado uma espécie de crime. Faz-se, portanto, necessária a compreensão da relação ideológica capitalista com o ato de constituir um caminho de luta para engendrar uma democracia real.

Diante disso, entendemos que a classe trabalhadora é responsável pelo decifrar das múltiplas relações e pelas redes e articulações escalares que compõe o espaço e o tempo nos seus cotidianos. Por isso, é fundamental a compreensão do poder; assim, ao mencionarmos modo e relação de produção compreendemos ambos como indissociáveis do poder. Em outras palavras, de forma simplificada, podemos afirmar que o modo de vida e forma de produzir são utilizados para a organização do poder. Cabe aos trabalhadores organizados em comitês o desvendar crítico dos processos históricos espaciais que culminam na organização, reorganização, estruturação e reestruturação dos múltiplos fatores que compõe tais processos delimitando as ações daqueles que vivem do trabalho.

Trabalham apenas aqueles e aquelas que não tem poder para não trabalhar, todos os outros se apoiam na classe trabalhadora, essa mesma classe que mantém a humanidade em pé e que precisa arrebentar as correntes da opressão. A democracia brasileira se apoia no trabalho assalariado subordinado aos interesses do mercado mundial e tem a propriedade privada como centralidade de seu domínio. A classe trabalhadora para ter casa ou terra precisa de muitas décadas de economia ou quando são financiadas suas propriedades pagam três e levam uma propriedade. Assim, a classe trabalhadora tenta se apoiar na base burguesa do Estado, mas o que sobra é sempre as piores condições possíveis.

O poder é a imaterialidade agrupada na interferência direta quanto à materialidade, isto é, para que o poder seja constituído como tal é fundamental, inicialmente, crer na perpetuação e eficácia do mesmo; assim, a propriedade é a manifestação desta "crença", materialização de uma forma do poder exercida sobre o espaço. A propriedade, no sentido, privada, ancora-se na incapacidade libertária dos sujeitos, já que suas crenças os levam a concepção imorredoura e irrefutável da propriedade. Neste sentido, entendemos que a classe trabalhadora precisa perturbar a ordem dominante, apresentando um projeto político coletivo de ação prática e eficiente quanto aos fatores e os fatos cruciais para a compreensão da ilegitimidade da propriedade nos moldes que conhecemos, na ilegitimidade das limitações dos direitos trabalhista, com isso, a democracia somente será plena se existir projeto coletivo, se existir um sentido para a eficácia socialista das relações de produção e essas baseadas na solidariedade interminável entre os trabalhadores.

A legitimidade da propriedade privada torna o capitalismo indestrutível, as bases subjetivas das condições sociais encontram-se na irrefutabilidade da propriedade, a legitimação do privado para uma minoria em detrimento da escassez para a maioria torna o capitalismo adjetivado de forma negativa. Assim, é preciso compor o direito trabalhista na eficácia social da propriedade e ampliação da participação do povo nas decisões políticas, econômicas e jurídicas do Brasil.

Pensar o espaço, pensar a organização social da classe trabalhadora de forma especializada, leva-nos obrigatoriamente a pensar a legitimidade da propriedade privada, ao mesmo tempo em que devemos nos posicionar politicamente, sem meias palavras, ou reafirmamos as teses burguesas ou as refutamos. Buscamos a refutação do pensamento burguês tendo a classe trabalhadora como aquela que se constituí enquanto fundamento gerencial e definitivo do Estado brasileiro.

A plena democracia somente funcionará quando a classe trabalhadora tomar em suas mãos a organização do Estado e fundar uma nova sociedade, até lá é preciso que as e os trabalhadores se organizem coletivamente e façam o enfrentamento quanto a todos os seus problemas de forma coletiva.

A CLASSE TRABALHADORA É REALMENTE PODEROSA

É a classe trabalhadora que tem o poder em suas mãos, somente a classe trabalhadora poderá se libertar de todo processo de escravidão que sofre por séculos, somente essa classe poderá fundamentar novas possibilidades de mundo por meio da democracia plena assegurada pelo povo.

Apenas a classe trabalhadora é poderosa e é a única que pode lutar para si mesma, pois a classe dominante não toma partido nos problemas dos trabalhadores. Ninguém poderá socorrer a classe trabalhadora além dela mesma, por isso é preciso conduzir a classe trabalhadora para uma luta constante, para uma luta que será travada em campos desiguais aparentemente, pois o Estado e as classes dominantes têm os mais amplos poderes de repressão, mas jamais a classe trabalhadora vacilará, jamais deixará o protagonismo da história e efetivará uma forma de luta que somente os trabalhadores poderão fazer pela união inquestionável da classe.

Ninguém poderá socorrer os trabalhadores além dos próprios, por isso fundamentar uma organização de luta que pense sempre na estratégia de ampliação dos direitos trabalhistas, dos direitos sociais, dos direitos humanos e políticos.

Trabalhadoras e trabalhadores a legislação trabalhista brasileira não foi dada por ninguém, não foi presente de nenhum político. As Leis Trabalhistas foram conquistadas com muita luta e muitos foram mortos para que se consolidasse o direito ao trabalho com a remuneração mensal, com o descanso semanal, as férias remuneradas e a garantia integral da aposentadoria.

Desde 1º de maio de 1943, com a entrada em vigor da CLT, não houve mais nenhuma lei significativa que garantisse aos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras melhores condições de vida. Desde 1943 não existe nenhuma proposta do Estado brasileiro e muito menos quanto aos mais ricos para pensarem solidariamente com os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras exercendo suas atividades com mais dignidade e que suas condições de vida tenham elevadas melhorias.

São esquecidos desde 1943 todos os trabalhadores e trabalhadoras, são 75 anos de desprezo pelos que realmente construíram e constroem o Brasil, são 75 anos sendo ignoradas as necessidades básicas da vida: pois o salário sempre baixo, o ônibus sempre cheio, o bolso sempre vazio, as contas se acumulando e apenas os bancos se enriquecendo com a desgraça dos trabalhadores que não obtiveram desde 1943 nenhum direito trabalhista que tirassem todos os trabalhadores da condição de vendedores de si, vendedores de seus corpos e mentes para o trabalho assalariado. Fazem 75 anos que os últimos direitos foram conquistados, mesmo assim nos últimos 20 anos muitos direitos trabalhistas foram tirados, com isso é preciso entender que os 75 anos sem direitos mais amplos poderão ainda retroceder numa espécie de escravidão assalariada com horas de trabalho aumentada e com salários mais baixos ainda, com crescente endividamento dos trabalhadores e a inflação somada aos juros dos bancos destruindo milhares de família. Precisamos lutar por mais direitos.

Trabalhadores e trabalhadoras, precisamos ampliar todos os direitos trabalhistas para que não sejamos mais escravos, para que a opressão das dívidas e da violência não puna a classe trabalhadora. Precisamos de horas livres para o lazer, para o estudo e para a família, precisamos de salários melhores, maior participação política nas decisões dos municípios, dos Estados e do Brasil. Não podemos, como verdadeiros produtores de toda a riqueza mundial, sermos jogados de lá para cá e de cá para lá quanto as decisões políticas, pois somos, acima de tudo, brasileiros e brasileiras e não somos, nós trabalhadores e trabalhadoras, sujeitos de segunda classe. Exigimos todos os direitos desde 1943 com a ampliação permanente desses com a criação de novos e necessários direitos trabalhistas.

Trabalhadores e trabalhadoras, a vida precisa ser vivida, para isso a ampliação permanente dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras é fundamental. Trabalhadores e trabalhadoras, lutemos pela ampliação contínua, pela ampliação permanente, pela ampliação exigente dos direitos trabalhistas. Os trabalhadores são a maioria no Brasil e no mundo, mas são tratados de forma vergonhosa pelo Estado, pelos patrões e pela mídia, como se a existência desses seres humanos trouxesse negatividades para o Brasil, quando na verdade são os trabalhadores e trabalhadoras que movem esse país para frente.

Apenas a consolidação de um projeto coletivo de luta poderá dar resultados imediatos para a classe trabalhadora.

APENAS A ORGANIZAÇÃO POR COMITÊS PODERÃO RESOLVER INÚMEROS PROBLEMAS DA CLASSE TRABALHADORA. A união da classe trabalhadora faz com que os que se dizem poderosos tremam diante das multidões organizadas e sedentas por justiça, esses poderosos temem que os trabalhadores se unam uns aos outros para construir um conjunto amplo de exigências tendo como mote central: A AMPLIAÇÃO PERMAMENTE DOS DIREITOS DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS BRASILEIRAS. Essa linha única nas exigências farão toda a classe dominante tremer, pois os trabalhadores unidos sedentos por justiça direcionarão o Estado e efetivarão o Estado de uma classe só, o Estado dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Para isso, avante na organização coletiva! No enfrentamento direto de todos os problemas, mas não enfrentaremos sozinhos, pois apenas a coletividade garante a força dos trabalhadores!

É preciso que os comitês sejam unidades políticas de formação, de análise das conjunturas e das possibilidades efetivas de ação. Os comitês precisam formar, estudar, analisar e agir. Comitês sem ação são peças imprestáveis para a classe trabalhadora. Toda ação precisa partir das necessidades da classe trabalhadora, por isso entender as experiências da classe é fundamental para garantir a mesma eficácia no enfrentamento dos problemas.

Os comitês são agrupamentos humanos revolucionários que não se curvam aos ditames da opressão, ao contrário os comitês lutam contra toda forma de opressão, pois os comitês são os trabalhadores unidos. Os comitês precisam sempre criar, de forma permanente, uma rede de solidariedade entre trabalhadores para que colaborem os mais diversos militantes e apoiadores/apoiadoras da classe trabalhadora.

É preciso fazer com que as ideias socialistas triunfem para que o capitalismo seja enterrado com todas as maldades que produziu. E podemos crer na vitória, pois toda a classe trabalhadora pensa, age e grita em uníssono:

Nada tememos porque tudo podemos!

Novembro de 2018.

Comitês de Defesa dos Trabalhadores - CDDT

Paulo Castro - Blog de política
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